sábado, 30 de maio de 2009

[leia] Rios transbordam na região Oeste e alagam assentamentos

Estação chuvosa ainda tem força no sertão potiguar

A chuva não dá trégua no interior. Na região oeste, os rios continuam ainda acima do leito normal. Regiões ribeirinhas em vários municípios nos vales dos Rios Apodi e Mossoró permanecem inundadas. Os prejuízos se acumulam. Já se fala que é o mês de maio mais chuvoso dos últimos 60 anos.

1 Comentário:

Fernanda D Nogueira disse...

Publiquem mais essa...acho que depois do "Quando a mentira não tem vez" só mesmo algo pra calar por um bom tempo. ;)


A instituição imaginária da verdade*

Se procurarmos o conceito de verdade num dicionário qualquer, certamente encontraremos aquilo que o senso comum por si só já nos permite deduzir:
1. Conformidade com o real; exatidão, realidade;
2. Princípio certo;
3. Representação fiel de alguma coisa da natureza;
4. Franqueza, sinceridade;
5. Coisa verdadeira ou certa;
...

Indubitavelmente, um número incontável de significados e expressões se ocupará de denotar tal palavra, verdade. Assim, não precisaríamos de nenhum indivíduo a nos dizer o que é a verdade, a sua verdade. No entanto, nenhuma destas acepções terá serventia para legitimar aquilo que chamo aqui de instituição imaginária, verdade.

Há os que protestam dizer a verdade ao motejar aquilo que não lhe convém; há ainda aqueles alardeiam falar a verdade enquanto tacham o outro como falso, dissimulado, mentiroso, enganoso, fictício e até, como o grande mal da humanidade; para completar, os que se autorizam a portar a verdade, esquecendo que ela não passa de uma instituição imaginária, uma instituição fantasmagórica. Nestas horas, nos sentimos tão importantes, tão cheios de si, que toda a arrogância do mundo é pouca para nos preencher. Ah, mas quais de nós estamos livres de agir assim? Tanto eu que agora vos escrevo quanto você que agora me lê não poderíamos escapar de agir de tal forma. Isso faz parte das imperfeições humanas. Confesso, carrego uma grande soma delas. Mas quem não as carrega? Talvez, o portador da verdade.

Filosoficamente falando, a verdade não existe. Isso porque cada um tem a sua verdade. Assim sendo, a verdade é relativa. Trocando em miúdos, a mentira também é relativa e, portanto, também não existe. É exatamente como numa partida de futebol. Dificilmente conseguiremos chegar a uma verdade já que, com certeza, a partida será contada de forma diferente pelos torcedores de um ou de outro time. E nem por isso alguém estará mentindo. Ou será que o portador da verdade terá razão mais uma vez?

Há uma distância enorme entre emitir uma opinião, questionar, controverter, retorquir, duvidar, exigir cumprimento e, simplesmente, pompear uma verdade. Corre-se o risco de posar de presunçoso. Um risco que não se quer correr. Se pareceu o contrário, deve-se pedir absolvição. Diferentemente de um jornalista que sempre anseia pela verdade, um historiador, ao reconhecer suas muitas limitações, não se pretende ser o portador desta ou daquela verdade; ele simplesmente depreenderá que tudo são interpretações e assim mesmo sujeitas a discrepâncias. Seu trabalho será confrontá-las, questioná-las.

Marx já dizia que o “problema” não está em interpretar a realidade a sua volta, mas em transformá-la. Logo, o marxismo não seria uma teoria científica como as outras; não visava simplesmente a descrição ou explicação da realidade, mas a transformação desta realidade, uma transformação revolucionária. Contra um caráter conservador e legitimador do status quo surgiu essa dimensão revolucionária da dialética marxiana. Obviamente, não se pretende aqui transformar a nossa realidade revolucionariamente a partir de um ponto de vista de classe, do ponto de vista das classes dominadas (não alienadas). Alienação, este conceito já nos daria outra boa discussão, mas deixemos pra depois. O que queremos aqui é que o (e)leitor, deste terreno, confronte as formas de pensamento que ora são apresentadas.

Findo este breve texto com uma passagem de Michael Löwy que diz exatamente assim: neste tipo de enfrentamento, vemos o dilema da impotência porque, na realidade, esses dois modelos de pensamento tornam-se incapazes de produzir uma ação real, tornam-se impotentes para transformar a sociedade, justamente por estarem confrontados e desbaratados.

Desta impotência não quero tomar parte, tampouco apanhar herança. Que o veneno da altivez não lhes atole num buraco sem fim.


Fernanda Danielle C. Nogueira
fernanda.danielly@gmail.com

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