[leia] MP e IFRN reascendem debate sobre distrito irrigado em Apodi

O corpo de palestrantes do seminário, formado por doutores em recursos hídricos, meio ambiente, advogados e sociólogos, mostraram tecnicamente que o projeto irrigado proposto pelo Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (DNOCS) não tem viabilidade técnica de do ponto de vista econômico, social e ambiental. Observam grande risco de ser apenas mais um distrito irrigado no País entre tantos outros sem funcionar.

Compareceram também o prefeito eleito Flaviano Monteiro, o presidente da Câmara João Evangelista e outros cinco vereadores, e o professor João Paulo, da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, que assessora juridicamente os trabalhadores rurais.
O professor doutor em Recursos Hídricos, João Abner, da UFRN, disse que a vazão da Barragem de Santa Cruz é insuficiente para irrigar o distrito irrigado. “Assegura que a própria Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEMARH), reconhece isto quando só libera o uso de apenas 2 metros cúbicos para o distrito”, destaca o professor.
Mesmo que existisse água, João Abner disse que cientificamente está provado que não compensa transpor água de uma superfície a uma altura de 60 a 80 metros, que é o caso da Chapada de Apodi. E, ainda, mesmo se tivesse água e viabilidade para transpor a uma altura de 80 metros, o custo da energia para bombear a água seria muito alto, sendo inviável ao pequeno e também ao grande produtor rural.
A saída nestes, o DNOCS, segundo Joao Abner, fornece energia subsidiada aos empresários do agronegócio. “Em Limoeiro do Norte, por exemplo, quem paga parte da conta de energia é a população e Fortaleza. No caso de Apodi, quem iria pagar a conta é a população de Mossoró. Alguém já perguntou em Mossoró se a população aceita subsidiar água para cinco grandes empresas produzir na chapada de Apodi?”, questiona o professor João Abner.
O advogado João Paulo estudou o Relatório de Impacto Ambiental feito pelo DNOCS para conseguir as atuais licenças ambientais: Ele disse que pode para resultar em problemas graves a população de Apodi e região no futuro em curto espaço de tempo. “Descobrimos que para este relatório se aprovado, não consta se quer que a região da chapada mora gente. Eles não reconhecem a existência de mais de 500 famílias”, diz.
O relatório é também é superficial em relação à questão ambiental. Reconhece a existência de vários tipos de espécies de árvores na região, mas não fala sobre reposições destas arvores com o desmatamento de 13 mil hectares para instalar o distrito irrigado. Trata-se sobre o agrotóxico, mas nada estabelece quanto ao uso deste agrotóxico de forma racional e suas consequências à população. “É preciso lembrar que este projeto está sendo implantadas as presas, onde os moradores não estão sendo consultados”, diz João Paulo.
A promotora de Justiça Rachel Germano disse que a seminário foi muito importante pois ascendeu o debate, nasceu a possibilidade da parceria com o Ministério Público Federal, através do procurador da república Fernando Rocha, para que seja adotadas medidas necessárias para que o projeto do Distrito Irrigado da Chapada seja realmente debatido. Inclusive a promotora de Justiça destacou que vai ouvir as explicações técnicas do DNOCS com relação aos questionamentos feitos pelos especialistas durante o seminário.
Fotos de Cezar Alves.
Por Cezar Alves/Da Redação do Jornal De Fato
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