[leia] Grupo o Tarará de Mossoró se apresentará em Apodi
O Pessoal do Tarará foi fundado em 13 de novembro de 2002, em Mossoró (RN), com o objetivo de fazer um teatro popular, onde a experimentação, a ousadia e a qualidade pudessem estar sempre presentes.
Atingir públicos das mais variadas classes sociais, com um carinho especial àqueles que não têm recursos financeiros para ir a uma casa de espetáculos, é um dos muitos desafios que estão sendo enfrentados.
A preocupação com a informação teatral (estudo de autores, textos e teorias, bem como a prática, através de exercícios) veio de imediato, levando o grupo a iniciar um trabalho de pesquisa que permanece até hoje, não parando quando se consegue algo, mas se aprofundando a partir de cada nova descoberta.
Programa de rádio, página na internet, espetáculos, exposições fotográficas itinerantes sobre o trabalho do grupo, documentários, filme, e principalmente, o respeito do público, foram pontos conquistados pelo grupo até aqui.
Esteticamente, o grupo tem procurado formas diferentes de expressar a sua arte, a cada trabalho: no Sanduíche de Gente, primeiro espetáculo, o grupo passeou por uma temática mais regional, e de forma mambembe, já que o espetáculo era apresentado nas ruas, com um cenário itinerante (um palco ambulante sobre rodas puxado por uma bicicleta).
Dramaturgicamente, o grupo optou, neste trabalho por um trabalho com um autor mossoroense, onde foi explorado a temática nordestina, de exclusão.
No segundo trabalho, O Inspetor Geraldo, o mambembe continuou presente, mas agora de forma mais rebuscada, já que foi a partir de O Inspetor Geral, de Gogol, que o grupo chegou ao espetáculo “O Inspetor Geraldo”. A partir deste espetáculo, o grupo inicia um processo de investigação no clássico e no popular, e desta mistura, nasce um terceiro espetáculo.
“A Peleja do Amor no Coração de Severino de Mossoró” complementa a pesquisa iniciada no espetáculo anterior, e aqui o grupo chega a um espetáculo com referências armoriais, onde busca uma arte erudita a partir de elementos regionais.
A vontade de revolucionar o teatro, as artes, e a vida, faz com que O Pessoal do Tarará não pare de pensar no "novo" a todo instante. A quem achar que revolucionar é ambição de mais, o grupo recorre ao mais talentoso ator brasileiro, Paulo Autran, que afirma: "sem ambição artística, o que será do teatro?".
Com adaptação e direção assinadas por Dionízio do Apodi, um dos fundadores do grupo, O Pessoal do Tarará privilegiou aspectos regionais, em seu espetáculo, o que fica claro com a presença de poesias do poeta mossoroense Antônio Francisco, e do saudoso violeiro, Elizeu Ventania, também nascido no Rio Grande do Norte. No entanto, a direção trabalhou, durante o processo de montagem, o encontro do “erudito” com o “popular”, tornando a peça regional e ao mesmo tempo universal. Isto é facilmente notado no texto, na interpretação dos atores, no cenário, nos figurinos, e até nos instrumentos musicais.
A encenação retrata um espetáculo com elementos clássicos como uma referência à cena da janela, em Romeu e Julieta; mas ao mesmo tempo transforma, o que no texto original seria um duelo de espadas, num “repente”, onde dois personagens participam de uma disputa na batida do “coco” nordestino.
A música feita a partir da literatura de cordel e das canções do violeiro Elizeu Ventania, ganha uma roupagem diferente, com o elemento erudito, já que se incorporam nos arranjos sons de violino e piano (eruditos), que misturam-se com zabumba, a sanfona e o triângulo (instrumentos do forró nordestino). E esta musicalidade serve para pontuar os climas do espetáculo, como resultado de um trabalho de pesquisa musical, desenvolvido pelo grupo.
“A Peleja do Amor no Coração de Severino de Mossoró” é o título da peça, longo, como nos famosos folhetos nordestinos onde o “Cego Aderaldo” disputava com os rivais.
A peça bebe no Romantismo, tendência que teve seu auge entre o final do século XVIII e o fim do século XIX, que deixa em evidência a emoção, o individualismo, e o sofrimento amoroso, principalmente. Por outro lado, também são fortes as referências aos antigos dramas circenses, da feira, da rua, da opereta.
O cenário é composto de cinco entradas, feitas por cortinas, e em formato arredondado, para dar a idéia de um circo, sofisticado. Os atores não usam as tradicionais coxias do palco italiano, mas aparecem pelas entradas, que ficam frontais à platéia. Outro elemento cênico importante é uma pequena escada com três degraus, que durante o espetáculo vai adquirindo outros significados, e formando símbolos. A escada serve para contextualizar os locais que a cena retrata, e serve de tablado, trincheira, janela, jardim.
Nos figurinos, brilho, como nos circos. No entanto muita sofisticação, que é para tratar da falta de beleza, com a própria beleza. Os figurinos fazem uma referência à época de Cyrano de Bergerac, na França, mas também com traços nordestinos, potiguares, mossoroenses.
O espetáculo conta a história de Severino de Mossoró, que apaixonado pela sua prima Roxana, vê em sua falta de beleza (Severino é possuidor de um nariz extravagante) o maior empecilho para esta aproximação. Por outro lado, Roxana se aproxima de Severino e pede para que ele proteja Cristiano, um belo e jovem rapaz, por quem Roxana se diz atraída.
Ao se aproximar de Cristiano, Severino percebe que o belo rapaz não tem habilidade com as palavras, e aproveita para convencê-lo, de que os dois, juntos, poderiam conquistar o amor de Roxana. Severino com sua eloqüência, e Cristiano com sua beleza.
25/04/2008 – sexta-feira – A Peleja do Amor no Coração de Severino – Casa de Cultura – Apodi - RN
26/04/2008 – sábado – A Peleja do Amor no Coração de Severino – Casa de Cultura – Apodi - RN
27/04/2008 – domingo – A Peleja do Amor no Coração de Severino – Casa de Cultura – Apodi – RN
Inteira R$ 6,00
Estudante R$ 3,00
Mais informações no site www.opessoaldotarara.com.br
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