[leia] Ô coisa boa é bater
Nunca foi tão bom bater na prefeitura. Virou moda. Ficou legal. Programa matinal. Amanheço, ligo o PC, acesso os blogs. O que vejo? Críticas. Críticas a quem? A prefeitura, e mais especificamente ao prefeito. 'Ah, mas deve ser a imparcialidade que reina no mundo dos blogueiros, só pode ser, vou mesmo é esperar pelos programas de rádio'. Meio dia. A hora do povo chegou, chegou também a hora do cidadão falar. Fala Cidadão! 'Não escuto outra coisa, senão mais críticas a prefeitura. ' "Secretário de Esportes manda recolherem lixo em frente à sua secretaria na quinta e já estamos na segunda-feira e nenhum carro do lixo passou lá para recolher." – Vai ver estão esperando a sexta, a 'sexta do lixo'. "Prefeitura autoriza construção do CEFET em área de difícil acesso, em solo de difícil construção" – o interessante é que até bem pouco tempo atrás o CEFET iria ajudar a conseguir a Transchapadão e iria servir para interligar o estado potiguar ao vizinho estado do Ceará. A CEPARN serviu mesmo pra quê? "Obras do Calçadão da Lagoa estão paralisadas. Como pode uma obra de tamanhas proporções financeiras e de grande importância turística está parada..." – "...ah, acabei de receber a notícia de que as obras foram reiniciadas, mas estão aterrando a lagoa. A prefeitura está aterrando a Lagoa do Apodi." – É como fez o PT: 'Essa história de APA vai destruir a nossa lagoa', mas, quinze dias depois: 'Temos que retomar a APA para proteger a Lagoa do Apodi'. Antigamente tinha um bate-papo rolando solto, mas agora mesmo o jeito é esperar a noitinha chegar, e quem sabe ficar por dentro do panorama político da cidade, e como tem coisa que eu não entendo, atento-me a ouvir meu velho tio titubeando, logo ele que se tornou um grande analisador político. Seis Horas. Hora da Ave Maria. Rádio ligado, um na AM, outro na FM. As estações são distintas, as lamúrias não. "Prefeitura inerte não define lugar de construção e Apodi poderá não ser a primeira cidade contemplada com a UFERSA..." – "...peraí, tão me corrigindo aqui..." – "...ah, o prefeito já acenou que o melhor lugar é em frente a água mineral. Aguarde só um instante que tem um ouvinte na linha: Alô, quem fala? Oi, meu nome é Eduardo e moro na Rua Tiradentes, eu queria dizer que não concordo com a construção da UFERSA onde o prefeito ta querendo. Primeiro, lá fica em cima do nosso lençol freático, e ainda por cima não tem água pra abastecer a universidade. Segundo, aquelas rochas que descem a serra adoram passar por ali. É um crime bloquear aquele caminho. Tadinha das pedrinhas." "Moradores do Bacurau I reivindicam duplicação da Moésio Holanda..." – "...como é, omi? Já tão fazendo? Ah, mas as pobres mocinhas que andam de salto alto sentem enorme dificuldade de locomoção e eu vejo a hora algumas delas 'tropicarem' e torcerem o pé." – "Atenção vereadores, estão cobrando o uso do capacete até das mulheres, e como vai ficar a 'tôca' depois de um dia zanzando pela cidade? Vamos tomar alguma providência." Pois é, foi Zé! Me cansei de tanta falação. Coloco o CD no ponto. Pronto. Música rolando. "Joga pedra na Geni
Joga pedra na Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir
Ela dá pra qualquer um
Maldita Geni"
3 Comentários:
O interessante é q foi tu q deu inicio a isso tudo , o q houve?
Fico muito triste quando você se coloca dessa maneira meu amigo. Você é parte da construção de muita coisa, fez critas muito contudentes também. Digo isso com carinho de um amigo.
Como cidadã e observadora (à distância)de todos os comentários que tomam contam das ruas de Apodi acho que posso apresentar uma reflexão sobre a enxurrada de críticas levantadas contra a "prefeitura". Primeiro temos que pensar o seguinte: vivemos numa democracia e somos, em alguns casos e em determinados contextos, livres para criticar, manifestar opiniões, expressar pontos de vista. No entanto, vejo a crítica como uma oportunidade justamente de expressão do cidadão insatisfeito com o poder público, bem como pela insensatez de grupos até mesmo sociais (é o caso de nos manifestarmos contra atitudes indignas dos próprios grupos sociais humanos). Não as vejo como oportunidade do político usar a democracia, que foi conquistada a duros golpes, até com o sangue daqueles que lutaram por ela, para se promover como político. Acho isso um abuso, uma vergonha. Aqui em Apodi, o que está acontecendo é isso. Tudo é motivo de críticas insanas. E nenhuma delas, eu tenho certeza,por que das cabeças que saem não são nada a favor da coletividade, mas em favor do perfil, da candidatura ou da performance de partidos políticos que querem se promover em cima das críticas que fazem, seja lá a quem for que esteja no poder.
A verdade é que em Apodi e nem no Brasil, não existe ainda aquele político que tenha a lucidez, a sensatez, a capacidade, a habilidade e, principalmente a honestidade suficientes para lidar com o contexto horrendo de corrupção que assola o nosso contexto político.
A qualquer outra pessoa, essas críticas demasiadas podem até enganar, mas a mim não. Sou uma cidadã que entende a crítica como forma de construção social e não como promoção eleitoreira.
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