terça-feira, 15 de março de 2011

[leia] Oi querido... Por Jotta Paiva


Querido, que bom que chegou cedo. Ande, vá tomar seu banho enquanto termino aquela sopinha que você adora. Como foi o seu dia de trabalho? Não, porque esses meus dias em casa sem muito que fazer me deixam maluca! Pela manhã, acordei lá pelas nove, acredita! Nossa, estou desacostumada a dormir até tarde. Só deu tempo de eu tomar café, mamãe ligou. Ah meu amor, não te conto, a cadelinha dela está quase no fim. Ela disse que foi ao veterinário e ele não deu muitas esperanças, ai, o que será da minha mãe sem aquela cadelinha. Choramos juntas ao telefone, mas aí, a Francis ligou, sabe a Francis, aquela minha amiga de faculdade? Ela também está terminando o mestrado, aí fomos colocar o papo em dia. Ela agora está estudando alemão, essa é a quinta língua que ela vai aprendendo, que danada! Ah, eu não me dou com esse negócio, para mim já bastam as duas que falo. Você sabe que estudo inglês porque não tenho escolhas.
Ande senta, experimenta a sopinha... Está gostosa? Humm, que bom, então vai tomando todinha enquanto termino com as novas. Você sabe que detesto comer sozinha, então não fiz almoço. Fiz uma salada com carne grelhada e foi o que almocei, mas foi suficiente, assim não engordo. Não acho tempo para caminhar. Caminhar está ficando perigoso. Eu vi na televisão hoje à tarde que os bandidos estão aproveitando para assaltar as pessoas que saem para caminhar, isso é um perigo. É melhor eu manter a dieta. Aliás, humm, por falar em dieta, sempre me lembro daquelas saladas deliciosas de Buenos Aires, ah, você tem de voltar lá comigo no ano que vem, preciso comer novamente aquelas saladas. Tento fazer aqui, mas não é a mesma coisa e, como você não gosta de salada, fico desestimulada.

Gostou da sopa? Eu te falei que estava gostosa. Venha, vamos sentar um pouquinho na cama. Dá um tempo para fazer a digestão, tá? Ah, você vai ler? Então faça um ponto: estou novamente perdida com o Cem Anos de Solidão. Por acaso o coronel Aureliano Buendía não é o mesmo Aureliano Buendía, e o mesmo Aureliano? Olha, deu um nó, mas a leitura é ótima e Úrsula, nossa, ela lembra minhas tias lá do Ceará. Como ela é forte.

Você está com calor, quer que eu ligue o ar? Eu prefiro, sabe, o tempo anda muito quente, mesmo com as chuvas. Pena que fico logo com frio. Eu lhe falei que terminei aquele artigo? Aquele sobre polifonia. Menino, pois eu terminei e vou mandar para uma revista indicada pela minha orientadora. Preciso manter minhas leituras, o mundo está me pressionando. Sabe, fico pensando se vale a pena tanto esforço pelo mundo acadêmico, não sei. Às vezes parece tudo tão mecânico. Prefiro pensar como educadora de que como pesquisadora. Não sei, não sei... Ah, que loucura, são tantas coisas para pensar. Tantas coisas... Bom, mas chega de falar de mim, me fale como foi o seu dia, no trabalho, alguma pauta interessante?... Querido...? Querido!?


José de Paiva Rebouças

5 Comentários:

Marcos pinto disse...

Esse talentoso jovem poeta e contista é mais um dos muitos expoentes da cultura Apodiense. Inteligência cognitiva ímpar,encontra nos escaninhos das imagens cotidianas os matizes para a tessitura dos perfís personalísticos dos protaginistas de seus contos e de suas ímpares poesias. É imortal da ACADEMIA APODIENSE DE LETRAS (AAPOL).

Anônimo disse...

jotta paiva esrar se referendo a ele mesmo HEMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMM

Anônimo disse...

Otimo. KKKK

Anônimo disse...

não acredito que perdi meu tempo lendo essa bobagem.

Anônimo disse...

ESSE ÚLTIMO ANÔNIMO NÃO SABE LER, COITADO! SÓ PRESTOU ATENÇÃO NA DECODIFICAÇÃO ESQUECEU DE ENTENDER O SENTIDO DO TEXTO.

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