terça-feira, 5 de outubro de 2010

[leia] A explicação técnica da proporcionalidade

Vamos aos cálculos. Para se saber quem elegeu quem primeiro você pega os números de votos nominais e de legenda para cada coligação na disputa de deputado estadual.

De acordo com o TRE (números oficiais) foram os seguintes:

Primeiro vamos obter o quociente eleitoral.

Dividimos o número de votos válidos para deputado estadual dados aos candidatos e às legendas, por 24. Sendo assim, 1.722.118 dividido por 24, dá igual a: 71.754,917. Este é o quociente eleitoral.

A coligação Por Um Rio Grande do Norte Melhor obteve 548.406 votos nominais. Somados aos 35.796 de legenda, chegou a 584.202 votos. Dividindo este número pelo quociente eleitoral (veja acima), obtemos: 8,14. Então, a coligação teve votos para eleger diretos oito deputados estaduais.

Continuemos: a coligação Força da União obteve 417.060 votos nominais e 34.175 votos de legenda, portanto chegou a 451.235 votos ao todo. Dividindo este número pelo quociente, temos: 6,28... Portanto, esta coligação elegeu seis “direto”.

A coligação Vitória do Povo alcançou 321.164 votos nominais e 18.122 votos de legenda, perfazendo ao todo 339.286 votos. Assim, dividindo este número pelo quociente eleitoral, que repito, foi de 71.754,917, obtemos: 4,728. Ou seja: essa coligação conseguiu eleger “direto” quatro deputados estaduais.

O Partido dos Trabalhadores, que saiu sozinho, chegou a 76.425 votos nominais e 15.379 votos de legenda, somando ao todo 91.804 votos. Dividindo pelo quociente eleitoral, dá 1,2794. Portanto, temos um eleito de forma direta.

A coligação Mudança e Renovação alcançou 103.559 votos nominais e 10.636 votos de legenda. Portanto, somou ao todo 114.195 votos. Dividindo pelo quociente, alcançamos: 1,5914. Esta coligação também fez um direto.

A coligação Coragem para Mudar obteve 109.007 votos nominais e 19.297 votos de legenda, perfazendo 128.304 votos. Dividindo este número pelo quociente eleitoral dá 1,7880. Então, esta coligação também fez um direto.

Somando as cadeiras conseguidas diretamente pelos partidos, somamos: 8 + 6 + 4 + 1 + 1 + 1. Sendo assim, foram eleitos 21 estaduais. Então, sobraram 3 vagas para serem distribuídas. Ao contrário do que se cogitou aqui, a sobra que se calcula é a de vagas e não a de votos. Vou explicar abaixo como se faz essa distribuição.

Para saber quem fica com a primeira sobra é necessário pegar o número de votos válidos de cada coligação e dividir pelo número de vagas obtidas, mais um. Vou mostrar abaixo como se faz usando as siglas das coligações para ficar mais fácil:

PRN – 584.202/8 + 1. Este número dá uma média de: 64.911,33

FU – 451.235/6 + 1. Este número dá uma média de: 64.462,14

VP – 339.286/4 + 1. Este número dá uma média de: 67.857,2

PT – 91.804/1 + 1. Este número dá uma média de: 45.902.

MR – 114.195/1 + 1. Este número dá uma média de: 51.779,5

CM – 128.304/ 1 + 1. Este número dá uma média de: 64.152

Como visto, quem tem a maior média é a coligação Vitória do Povo. Assim, a primeira vaga pela média – ou sobra de vagas, como queiram – vai para a Vitória do Povo.

E como se calcula as demais?

Explico: mantém-se todos os cálculos, com exceção do cálculo da Vitória do Povo, que por ter conseguido mais uma vaga, agora ao invés de dividirmos os seus votos válidos por 5 (4 + 1), passaremos a dividir por 6 (5 – as já conseguidas – + 1 do quociente de média).

Então, a média da Vitória do Povo passa a ser o seguinte: 339.286/5 + 1. Este número dá uma média de: 56.547. Assim, comparando as médias, quem tem o maior número agora?

PRN – 584.202/8 + 1. Este número dá uma média de: 64.911,33

FU – 451.235/6 + 1. Este número dá uma média de: 64.462,14

VP – 339.286/5 + 1. Este número dá uma média de: 56.547

PT – 91.804/1 + 1. Este número dá uma média de: 45.902.

MR – 114.195/1 + 1. Este número dá uma média de: 51.779,5

CM – 128.304/ 1 + 1. Este número dá uma média de: 64.152

É a coligação Por Um Rio Grande do Norte Melhor, o que lhe dá o direito a uma nona cadeira. Para se calcular a terceira e última cadeira devemos repetir o mesmo que fizemos com relação à coligação Vitória do Povo, aumentando em um o divisor da PRN.

Sendo assim, agora dividimos 584.202 (número de votos nominais da coligação) por 9 (número de cadeiras conquistadas) + 1 (fator de obtenção da média). Então, a nova média passa a ser 58.420,2. A nova tabela, que define a terceira vaga das sobras, é a seguinte:

PRN – 584.202/9 + 1. Este número dá uma média de: 58.420,2

FU – 451.235/6 + 1. Este número dá uma média de: 64.462,14

VP – 339.286/5 + 1. Este número dá uma média de: 56.547

PT – 91.804/1 + 1. Este número dá uma média de: 45.902.

MR – 114.195/1 + 1. Este número dá uma média de: 51.779,5

CM – 128.304/ 1 + 1. Este número dá uma média de: 64.152

Feitos todos os cálculos, quem tem a maior média agora: a Força da União, portanto é por isso que nas últimas Raimundo Fernandes conseguiu tomar a cadeira de Roberto Germano. Na reta final, por 300 votos de média.

Simples assim.

Grande abraço,

Pedro Carlos - Correio da Tarde.

1 Comentário:

Roberto Franco Quirino disse...

Em outras palavras, para que meu chará Roberto fosse eleito, a sua coligação ainda precisaria de 622 votos. Acho que é isso.

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