[leia] Água baixa, mas ainda preocupa em Apodi
Apodi - O nível de sangria da barragem de Santa Cruz diminuiu, assim como nos rios Grande e Umari. Segundo o chefe da Defesa Civil, Marcílio Reginaldo de Souza, na várzea o nível também baixou e, em alguns pontos, "já é possível a passagem com água na cintura". Marcílio destaca que a situação agora é mais preocupante na recuperação da estrutura danificada.
Com dificuldades também estão os municípios de Caraúbas, Felipe Guerra e Governador Dix-sept Rosado. Em Caraúbas, a Comissão de Defesa Civil realizou inspeção em todas as localidades e constatou que o tráfego de veículos já está interrompido, prejudicando principalmente o acesso à escola dos estudantes. "E as máquinas não têm como recuperar as estradas", diz o prefeito de Caraúbas, Ademar Ferreira.
O município de Apodi tem pouco mais de 35 mil habitantes, sendo 50% na zona rural, e desse total 35% tem residência e trabalha na região de várzea. Com a sangria da barragem de Santa Cruz e a cheia do rio Umari, a várzea alagou, cobrindo casas e destruindo 100% da produção de feijão, milho e parte de arroz. "Esse é o segundo prejuízo consecutivo dessas famílias", diz.
Com a intensidade das chuvas, Marcílio Reginaldo apontou outro grande prejuízo para o município: a destruição das estradas de acesso a mais de 100 localidades, bem como as dificuldades impostas aos estudantes para ter acesso às salas de aula e inúmeros tipos de doenças que afetam principalmente crianças e idosos. "É preciso mais atenção e uniforme a todos", diz.
A Defesa Civil pediu mais atenção do Governo do Estado para com a região Oeste, especialmente Apodi. O vice-governador Iberê Ferreira de Souza, que coordena pessoalmente o Gabinete Emergencial criado para tratar exclusivamente dos danos causados pelas enchentes, informou que hoje vai sobrevoar a região do Vale do Apodi, ressalta o DeFato.
A Comissão de Defesa Civil do Apodi teme a chegada das águas trazidas pelas fortes chuvas na divisa do Rio Grande do Norte com o Estado do Ceará, que também sofre com inundações de cidades na região do Vale do Jaguaribe. Para a prefeita Gorete Pinto, a ajuda governamental é imprescindível para recuperar estradas, casas e principalmente os pequenos produtores do Vale.
"Vamos verificar a situação no local e tomar as devidas precauções para que a situação não se agrave ainda mais", disse Iberê Ferreira de Souza, que visitará o local ao lado dos secretários de Assistência Social e Agricultura, do diretor-geral da Emparn e do general da VII Brigada do Exército. A mesma comissão já esteve no Vale do Açu, tomando as mesmas medidas.
Comboio do Exército chega nesta quarta com cestas básicas
Um comboio do Exército saiu ontem à tarde de Natal com 80 toneladas de alimentos que serão distribuídos com aproximadamente 40 mil pessoas dos municípios alagados do Vale do Açu, além de Apodi e Mossoró. O Governo informa que está enviando também colchões e medicamentos.
Cálculos do Gabinete Emergencial estimam que mais de 40 mil pessoas já foram afetadas direta ou indiretamente pelas chuvas. Esse número pode ser bem maior, se observado que as vias de acesso à zona rural estão intransitáveis em praticamente todas as cidades do Oeste potiguar.
Ainda conforme o Gabinete Emergencial, 12.724 pessoas tiveram sua rotina diária quebrada pela cheia. O maior número é em Mossoró, seguido das cidades do Vale do Açu e Apodi. São essas pessoas que vão receber alimentos, medicamentos e colchões.
Ontem, o prefeito de Porto do Mangue, Francisco Gomes Batista, solicitou uma ajuda emergencial ao Governo de 350 cestas básicas, 80 colchões e kits de medicamentos. A maior localidade do município, Logradouro, está ilhada.
Quadro chuvoso deve continuar até o mês de junho, diz Emparn
O quadro ameno observado ontem na região de Apodi não vai continuar. É o que garante o meteorologista Uélinton Pinheiro, da Empresa de Pesquisa Agropecuária do RN (EMPARN). Segundo ele, as chuvas vão continuar com intensidade até junho.
Uélinton lembra que desde dezembro do ano passado a Emparn havia anunciado pela primeira vez a possibilidade de fortes chuvas neste ano. Os municípios deveriam se preparar. O Município de Apodi, neste ano, retirou as famílias das áreas de risco antes da cheia.
Para a Emparn, historicamente o inverno começa em fevereiro e termina em maio. "Mas, neste ano, as condições estão favoráveis para que as chuvas perdurem até meados de junho. Ele explica que o Pacífico está apresentando sinais de "La Niña", com águas frias, e o Atlântico em seu setor norte está com águas frias e quentes no setor sul. Esse cenário ocasiona a migração da zona de convergência mais para o sul da linha equatorial, exatamente sobre o Nordeste.''
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