[leia] A degradação dos seres humanos

A história da humanidade sempre foi marcada pela presença real e explícita de atos tenebrosos e violentos. A necessidade da violência, da perpetuação da espécie, a visão exagerada de lucro de poder constitui fatores permanentes de conflito. A própria dinâmica social multiplica os antagonismos, exalta a discórdia e acelera a impulsão da morte.

Dentro desse processo, forma-se um verdadeiro espírito de defesa, em cada cidadão, contra um sistema que o atingi no seu ser, em suas posses e no seu estilo de vida. Preso então, a essa estrutura impiedosa e corrosiva, que é o sistema imposto pela sociedade. O homem vai repassando todo o capital de ódio e revolta acumulados desde o berço, para o semelhante e, assim, sucessivamente.

A questão, entretanto, passou a ter, nas últimas décadas, uma dimensão sem precedentes. A violência não só passou a ser um gesto natural, mas diversificou-se, requintou-se, passou por um processo de mutação, desafiando as mentes mais imaginosas e institucionalizou-se como indústria de alta rentabilidade, fincando suas bases na impotência dos miseráveis e na opulência dos mais abastados; na ingenuidade dos puros, na malícia dos mais espertos.

Dessa forma, tão peculiarmente envolvido nesse processo, o homem caminha para o acaso de sua espécie num processo de autofagia que atenta contra o princípio de sua racionalidade. Eis ai a grande e terrível violência humana.

Bruno Coriolano
Professor especialista em Ensino da Língua Inglesa
bruno_coriolano@hotmail.com