segunda-feira, 19 de maio de 2008

[leia] Dionízio do Apodi fala sobre seu trabalho no Teatro

O vice-presidente da Fiern, Amaro Sales e a senadora Rosalba Ciarline apresentaram o prêmio de Teatro, que foi entregue ao artista Dionízio do Apodi.

Na última quinta-feira (15), foi realizada uma cerimônia para a entrega do Prêmio Cultural Diário de Natal, no Teatro Alberto Maranhão, na capital, onde em cada segmento artístico foi premido o Destaque do Ano (2007) no Rio Grande do Norte. Na área de teatro, acabei ganhando o prêmio, o que me deixou muito feliz, por saber que o trabalho que realizo é bem visto no meu Estado. No entanto, fiz questão de receber, não como indivíduo (Dionízio do Apodi), mas, como representante do Grupo de Teatro O Pessoal do Tarará, que é onde realizo o meu trabalho, juntamente com nove companheiros leais e batalhadores.

Seria injusto receber a homenagem sozinho, e esquecer estas nove pessoas, que juntamente comigo, formam uma grande família, e que diariamente enfrentam as maiores dificuldades e sofrimentos, em prol do teatro que acreditamos. Fazer teatro em nosso país, em nosso Estado, em nossa cidade, é muito difícil. Digo que temos mais momentos de sofrimento e de tristeza do que de alegria, porque este teatro em que acreditamos, é como uma cruz que carregamos. Mas os momentos de alegria e felicidade que sempre temos acabam compensando as dificuldades do fazer teatral.

Comemos o “pão que o diabo amassou” para servir caviar para o nosso público. Trabalhamos coletivamente oito horas diárias, e individualmente nem ousamos fazer as contas, em busca de valorosos pequenos e raros momentos “sublimes” com o público. É por isso que o teatro é “uma arte escrita ao vento”. Não há registro em câmera, não há fita. O teatro só existe naquele momento, da relação humana que se obtém do encontro dos atores e público.

Nosso grupo é formado por pessoas de muito bom caráter, escolhidas a dedo, que valorizam a questão humana acima de qualquer coisa, pois acreditamos num teatro muito grande, que valoriza o encontro do humano com o humano acima de tudo. Para caminhar nesta direção o grupo precisa de liberdade, independência, coragem, ousadia, arrojo, garra, perseverança, dentre tantos outros adjetivos. E coloco com todas as letras que os homens e mulheres que compõem o nosso grupo são dotados de tudo isso, e muito mais. Não temos a melhor técnica do mundo, mas buscamos formar os atores, cotidianamente, e acima de tudo, a pessoa humana. Nosso grupo, antes de mais nada, forma gente.

Para pensarmos assim, e seguirmos isso na prática, pagamos um preço muito alto. Para termos a nossa liberdade, pagamos caro por ela. Mas pagamos, cotidianamente, com muito suor. Ninguém, absolutamente ninguém, além destes integrantes que convivem diuturnamente, compartilhando sonhos e pesadelos, lamentos e alegrias, tem noção do quanto batalhamos para alcançar os nossos objetivos, que nunca param.

É por tudo isso, que, compartilho este momento feliz, ao receber este prêmio de Artista de Teatro do Ano, no Estado, com os meus prezados e amados companheiros de grupo e de vida. Alana, Alex, Antônio Marcos, Elzimário, Ludmila (minha amada esposa), Madson, Maxson, Rosi, Wellington, e os que não estão mais conosco mas foram importantes nesta trajetória. O prêmio é pelo nosso trabalho em conjunto. O prêmio é de todos nós.

Dionízio do Apodi
Diário de Bordo – 17/05/2008
www.opessoaldotarara.com.br

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