segunda-feira, 29 de janeiro de 2007

[leia] Na íntegra: César Santos - Jornal de Fato

Nada contra as festas populares. Devem existir sempre, inclusive com o apoio do Poder Público. As manifestações populares resgatam e valorizam as raízes, mantêm viva a história de um povo. Os Governos – Municipal, Estadual e Federal – devem, sim, investir em eventos com esse perfil. Agora, é preciso responsabilidade na hora da aplicação dos recursos, como forma de evitar que outras áreas necessitadas sejam atingidas. Veja a situação do momento. Mais de cinco dezenas de municípios tiveram decretado estado de emergência na área rural, em conseqüência do prolongado período de estiagem. Famílias de agricultores sofrem fome e sede, dependem de políticas públicas para enfrentar o grave problema. Contrastando com essa situação, considerável parcela de Prefeituras de municípios em estado emergencial estão anunciando a realização de carnaval de rua, bancado com dinheiro público. Quatro noites de folia, trios-elétricos, bandas, decoração e outras despesas. Significa dizer que essas Prefeituras têm dinheiro, não cabendo a desculpa para justificar a falta de atendimento aos flagelados da seca, esquecidos nas áreas rurais desses municípios. Temos dois exemplos na região. Em Apodi, o prefeito José Pinheiro Bezerra (PMDB) decidiu promover o tradicional carnaval de rua, considerado um dos maiores do interior do Estado. Ao mesmo tempo, decretou situação de emergência, reconhecendo a miséria enfrentada pelos irmãos do campo. Em Caraúbas, a Prefeitura bancou 11 noites de shows em praça pública durante a Festa de Sebastião, encerrada no último dia 20, e cinco dias depois decretou estado de emergência na zona rural. Não teria sido correto patrocinar três ou quatro shows, diminuindo o alto custo da promoção, para sobrar dinheiro para atender os mais necessitados? No primeiro momento, sob olhar festivo, é difícil aceitar esse argumento, afinal “pão e circo” sempre atraíram o povo, desde a Roma Antiga. No entanto, a responsabilidade do gestor deve ser colocada acima dos interesses ocasionais. O povão quer diversão e arte, como diz a música, mas precisa de comida, saúde e educação.

Fonte: Jornal de Fato.

Já haviamos tocado nesse assunto aqui no blog, mas aparentemente esse assunto não importar a ninguém. Mais uma vez fica o alerta.

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