[português] Urnabidade e hiperurbanismo
Estava escrito numa biblioteca pública: "É dever do funcionário público tratar com urbanidade o público e os colegas de serviço."
Dizer que "deve-se tratar alguém com urbanidade" estaria correto?
De fato, é de estranhar o emprego de "urbanidade" como equivalente a "gentileza, amabilidade", etc. Mas o problema é que a língua tem relação direta com a História, com os fatos que marcam a vida de uma comunidade ou do homem em si. A palavra "urbanidade" é da mesma família de "urbano, urbanismo, urbanizar, urbanização, urbe". Tudo isso parte de uma raiz latina ("urbe"), cujo sentido básico é "cidade".
Em seu dicionário, Caldas Aulete explica: Urbanidade - "Cortesia entre pessoas civilizadas; civilidade adquirida pelo trato no mundo." Aí está a chave para a compreensão do fato: é nas cidades que o homem encontra o homem; é nelas que se organiza a vida em sociedade, em grupo. É nelas que se estabelecem as regras de convívio, de respeito aos direitos alheios.
Não é à toa que se dá a todo o conjunto de direitos e deveres de um ser humano o nome de "cidadania". Qualquer semelhança com a palavra "cidade" não é mera coincidência.
Nos estudos lingüísticos, há um caso interessantíssimo: a "ultracorreção" ou "hiperurbanismo". O que é isso? Nada mais do que o excesso de preocupação com a correção lingüística, que - ironicamente - acaba resultando em erros. É o caso do cidadão que faz questão de acertar todas as concordâncias e acaba pondo no plural até o que não deve sair do singular, como em "Houveram vários problemas durante a festa". Não "houveram" problemas; "houve". Não se faz a flexão de plural do verbo haver nesses casos.
Tentando mostrar qualidades de ser "civilizado, culto", o cidadão erra por excesso. Isso se chama "hiperurbanismo" justamente porque a pessoa exagera nos dotes "urbanos" - cultura formal, no caso.
Dizer que "deve-se tratar alguém com urbanidade" estaria correto?
De fato, é de estranhar o emprego de "urbanidade" como equivalente a "gentileza, amabilidade", etc. Mas o problema é que a língua tem relação direta com a História, com os fatos que marcam a vida de uma comunidade ou do homem em si. A palavra "urbanidade" é da mesma família de "urbano, urbanismo, urbanizar, urbanização, urbe". Tudo isso parte de uma raiz latina ("urbe"), cujo sentido básico é "cidade".
Em seu dicionário, Caldas Aulete explica: Urbanidade - "Cortesia entre pessoas civilizadas; civilidade adquirida pelo trato no mundo." Aí está a chave para a compreensão do fato: é nas cidades que o homem encontra o homem; é nelas que se organiza a vida em sociedade, em grupo. É nelas que se estabelecem as regras de convívio, de respeito aos direitos alheios.
Não é à toa que se dá a todo o conjunto de direitos e deveres de um ser humano o nome de "cidadania". Qualquer semelhança com a palavra "cidade" não é mera coincidência.
Nos estudos lingüísticos, há um caso interessantíssimo: a "ultracorreção" ou "hiperurbanismo". O que é isso? Nada mais do que o excesso de preocupação com a correção lingüística, que - ironicamente - acaba resultando em erros. É o caso do cidadão que faz questão de acertar todas as concordâncias e acaba pondo no plural até o que não deve sair do singular, como em "Houveram vários problemas durante a festa". Não "houveram" problemas; "houve". Não se faz a flexão de plural do verbo haver nesses casos.
Tentando mostrar qualidades de ser "civilizado, culto", o cidadão erra por excesso. Isso se chama "hiperurbanismo" justamente porque a pessoa exagera nos dotes "urbanos" - cultura formal, no caso.
Postar um comentário