quinta-feira, 10 de maio de 2007

[leia] Há 80 anos atrás Apodi foi invadido por pistoleiros

Completa hoje, dia 10 de maio de 2007, 80 anos que Apodi sofreu o mais terrível dia de sua história, onde um bando de pistoleiros, liderados pelo temível Massilon Leite invadiram a cidade e fizeram algumas lideranças políticas de refém.

Recorro ao escritor e historiador Válter Guerra para relatar como os fatos aconteceram. O material a seguir foi copiado do livro Apodi, sua história.

Válter de Brito Guerra escreveu:

O ataque a Apodi no dia 10 de maio de 1927, por um grupo de bandidos, organizado no estado do Ceará, município de Pereiro, foi resultado de uma vingança política, insuflada por elementos de fora, inimigos de Apodi. Na madrugada daquele dia, penetraram nesta cidade, causando pânico e terror à nossa população, nada menos de 18 bandidos, fortemente armados, comandados por Massilon Leite.

A empreitada, organizada e dirigida de longe, por pessoa ligada a importante família de Apodi, tinha a terrível missão a cumprir nesta cidade.

Em primeiro lugar, figurava o plano sinistro, o assassinato do então chefe político FRANCISCO FERREIRA PINTO, para cuja residência se dirigiram os bandidos, prendendo-o imediatamente. O vigário da paróquia, que naquele instante acabara de celebrar a santa missa, foi chamado às pressas para salvar o chefe político, em poder dos cangaceiros, que já se preparavam para eliminá-lo. Transcrevemos a seguir, o depoimento do Padre Benedito Basílio Alves, no qual ele narra como conseguiu libertar Francisco Ferreira Pinto das mãos dos bandoleiros criminosos:

"Na madrugada de 10 de maio de 1927, foi esta cidade invadida por um número crescido de cangaceiros. Fácil de imaginar-se o pânico produzido em toda população na incerteza das consequências do fato anormal. A imprensa traçou em rápidos comentários o que então se deu e só a ação da Providência nos preveniu de maiores males. Celebrado o Santo Sacrifício da Santa Missa e exposto o SS Sacramento, com a Igreja repleta de fiéis, procurei serenar os ânimos garantindo a todos que seríamos poupados com a graça de Deus e intercessão dos nossos Padroeiros. Chamado para livrar o chefe local, já ameaçado de morte, dirigi-me ao local sinistro e, depois de parlamentar com o comandante dos cangaceiros pude obtê-lo e com ele seguir até o pátio da matriz, mostrando-lhe o horror que tudo aquilo despertava no meio do povo. Por três vezes ainda parlamentei com o chefe dos cangaceiros que então ameaçava incendiar a cidade e lhe pedi na última conferência que se retirasse do lugar, o que imediatamente atendeu. Altos Designos de Deus. Vigário - Pe. Benedito Basílio Alves."

Enquanto permanecia preso o chefe local Francisco Ferreira Pinto, por cuja liberdade o bandoleiro Massilon exigia vultosa quantia em dinheiro, elementos do grupo terrorista praticavam na cidade, atos de violência, roubos e assassinatos.

Desta cidade os cangaceiros se retiraram pela manhã do mesmo dia 10, entre as nove e dez horas rumo ao distrito de Itaú, neste município. Ali saquearam os estabelecimentos comerciais de alguns cidadãos.

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